quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A tentação de dormir mais

Acabaram me cedendo
a tentação de dormir mais
Terminaram de romper
Me lograram arrombar
Me tornaram incapaz

Acabei me excedendo
à tentação de dormir menos
Acabaram me comprando
Acabaram me vendendo
a obrigação de dormir menos

Lá encima do piando
tem um copo de venendo
quem bebeu, acordou
o culpado é o vovô

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Todo mundo reveillon pelado" (haikai)

É proibido matar
e o preço que pagamos
é nos ameaçarmos menos

"Sempre bem"

tomou banho no meio da tarde
saiu do banheiro já de meia e tênis
mas só ia
ficar na internet até a hora de dormir
"estou tranquilo porque faço parte de um grupo que vai para o céu"
a cabeça pensava como uma cabeça,
mas este era o sentimento amálgama
de última obrigação do dia cumprida ainda no meio da tarde
com uma foto de esporte radical hospedada num site católico

"Denise com cheiro de xixi"

Calça jeans muito apertada
vagina sêca
pele muito branca
ah, o jeans muito índigo
talvez um gosto de salivinha velha na boca,
devaneou de longe, de pinto mole

"Tabaco Plantadinho"

Hordem

domingo, 8 de novembro de 2009

Os meus dentes

Certa vez, os meus dentes cairam todos.Eu não tava comendo nem nada...nem caí de tropicar...:eu tava parado... pensando: Dizem, que escovar os dentes demais causa a retração das gengivas:elas vão retraíndo... retraíndo...:e aí os dentes não teem mais onde se prender.

Não é que eu seja saudosista nem nada,mas eu também não vou ser modesto só por educação:se não era um belo so0rriso, era a pele que me ficava mal na cara
(porque os dentes não)

Todos de uma vez.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Provocação

O leãozinho tem que nascer com pompa de rei
como provocação maior para a mamãe leão
que quando o codorniz belisca pontudinho
a cauda
e voa devolta para os seus que viram tudo?

"Dedinhos frescos"

"Dedinhos frescos"

a pelezinha dela é fresca
mantenho as calças compridas
para meus pés ferverem nus
com os quais espisar seus dedinhos frescos

"Vovô passarinho:) vovô passarinho!"

"Vovô passarinho:) vovô passarinho!"

Vovô anota tudo no caderninho
Dizem lá na escolinha:
-"Control cê, control vê"
e ele descobriu que anotar
em aula goza de um tal prestígio
que lhe seria permitido não tocar
no equipamento durante meses de aulas
apenas se alegasse que
estava ocupado anotando

terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Quando tem um estranho ali"

Capítulo 1- Quando tem um estranho ali

Professor de informática
de manhã cedo.
Quer banheiro antes da aula.
Passa reto a porta do banheiro atrás
vai parar na secretarîa
conversar com um ser vivo
tranquilizaria a presença do estranho
a dupla da recepção valia,
doutra vez ficara ensinando o Quadradinho a sentar.
"Eu não sei o que que deu no professor Wagnínher,
mas agora deu de ficar na dúvida
se quer conversar com a teacher Mirtes ou se comigo"
Acostumado a não ser olhado no fundo dos olhos.
Diretor chegara agora a pouco,
agora em seu banheiro particular
alunos começam a chegar agora.
Ignora teacher Mirtes saiu pro corredor e...
...ultrapassa a porta do banheiro.
O estranho ainda
(escovava os dentes na porta do banheiro)

**
Capítulo 2- Experiências ruins (falando com o espelho)

Experiências ruim com estranhos no banheiro
Entrou, tinha um falando com o espelho
e não era aluno nem conhecido
entrou só pra usar o banheiro
nem pra sair o moço da secretaria viu ele
"E eu ainda me atrevo a tentar te culpar
Se o bolinha me vê na varanda
de madrugada
me vê criminoso
pois é assim que você"
Parecia que falava com alguém

Ia ter que entrar,
ia entrar, saiu,
meio desconfortável
E mais uma vez, vitorioso,
urinou o estranho com a luz apagada
Como se o banheiro fosse seu.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Um corso"

Bando de gente bebida
Chutando portão e cachorro
Subindo ne muro e ne carro

Bando de gente doente
Vomitando o chão inteiro
Urinando na calçada
Bando de gente abusada

Bando de gente atrevida
Depredando a avenida
Derrubando tudo o que
Em nada ajudou a erguer
Brava gente forasteira
Derrubando o que haja em pé
Por saber longe sua terra
Protegida desta guerra

Bando de gente demente
Chutando portão e cachorro
Subindo ne muro e ne carro

Bando de gente carente
Derrotada na sarjeta
Bando de gente promíscua
Bando de gente amoral
Integrando a micareta
Microcosmo social
**

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

"Churrasquinho de mim"

Pala mo cu ténaboca
suspenssobre as chamas giro
ardem meus pertençes sem proveito.
Inútil falecido,
me emprego em protesto
desnecrolatrizatório.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Maria Pichoca

Maria Pixoca
não tinha nada a ver com sorriso ou não.
Tinha a ver com sandalinhas,
e com cheiros forte e de banho.

"Pipizão sedutor"

um pipizão sedutor
fazia arte de protesto
por um novo código de valores

"Maria vai com as outras"

Maria vai com as outras
, jamais iria com as mesmas

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Chocolate

Pára, chocolate,
de me dar prazer de língua!
Declino declino e aceito
aceito aceito e declino

"Foto do cu"

Quem quer mostrar o buraco do cu de verdade?
Eu
ainda
não
cheguei
nesse
ponto.
Eu não quero mostrar o buraco do cu de verdade.

“Uma conversa”

Eu sou seu pai!!
, me sacudiu por bícepes,
com as gengivas dos olhos abridas.

Se recompos e conferiu como dîto
no sentîdo figurâdo

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Carne de burro de carga

Desencanei
da minha carne de burro de carga
e carrego minha carga e minha carne
até que minha alma
desencarne
da minha carne de burro de carga

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Saudosismo saudossísmico

Idade-desresponsabilidade
em que dormir podia
e era bom e bonito
Dormir pro dia adiante
e ir adiando comprido
em várias acordadinhas brevinhas
brevinhas de um beijo e pronto,
pronto pra mais sono
que o sonho era bonito
e o sono podia pra adulto também.

Colchão era curto de lado
meio curto de comprido as cobertas
e persiana entra luz quase forte
e baruho da cidade útil
mas dormir podia pra adulto
e adulto agradecido.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ofenda

O frio ele é fininho
e ele enfia por qualquer frestinha ofenda

domingo, 7 de junho de 2009

Om fera do fotibol (inspirado por Tadeu)

Campeonato.
Eu fui expulso,
mas todo mundo bateu palmas.
Porque o menino era bom...
...passou um//////////chapéu por cima de mim, abusado...
mas antes de completar
eu passei o pé nas duas pernas dele:
vermelho,
mas todo mundo bateu palma.
porque o diabo do muleque era bom.

Perdilbonde

Pra quê subir
tantos degraus?
Fica aí com nós!
Vamos conviver!
Pra que correr
tantos lugar?
Fica aí com nós!
Vamos conversar!
Pra que rolar
tantos rolés?
Fica aí com nós!
vâmul

"Cavalinhos na chuva"

Em cima dos cavalinhos
Que me agrada
no cimo dos cavalínguas
Que me apraz

Enxhame de cavalivres
no lombo dos cavalindos
Que me tudo
Lambidos de enxurradas
Cachopas de cavalinhos
nas poças de cavalíqüidos
Que me nada

Arvenida borizada

Por varvor mecortequieunãoposso
Porque eu não tenho pernas que me pulem
porque eu não tenho braços que me nada
Minhas bombas funcionam continuamáticas
em favor de minha vida que não quero
por farvor me cote que eu não posso

Pofavor, mecortiem tocos que eu não passo
Não me quero protegida em nada arborizado
não querendo viver em nada arborizado
porvavor me parta em tocos que eu não posso

Deve ser isso que a gente anda pensando
em eutanásia e mais concreto

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A brisa do mar

Tem gente que olha
pela janela do meu ônibus
e vê a lindeza
, tem gente que olha
pela janela do meu ônibus e vê o horror.
Eu olho pela minha janela e vejo a lindeza,
e quem é tão civilizado
que veja o horror
na monocultura
eu acho que veja o horror no mar
qui vai até os horizonte quinem as caninha de açuca.
O ônibus correndo
e o mar esvoaçando
infinitos e prassempres

sábado, 18 de abril de 2009

A febre da tartaruga

Fritatartaruga,
de perninhas ou de ventre
nas pedrinhas do chão quente

Cozinhatartaruga,
cozinhescondida, em
casinha escaldada

Fervetartaruga,
Ebule bolhas
nos olhos,
Ebule bolhas na pele da nuca,
e nunca amolece as pecinhas do casco

Assatartaruga,
santatartaruga,
estufassa
inchestufa
esturricárcere
séca
sécozinha
esfarelescorre
ôfogedafebre
ô fóge qual lebre
ou finca pé e fica
finca pé e fiqualtartaruga

domingo, 12 de abril de 2009

“Ela está só um pouco aquém de incontáveis limiares”

“Ela está só um pouco aquém de incontáveis limiares”

(*em breve, um curta metragem Cine-Stràge)


Os peitos dela
Quase chegam a ser feios
De tão grandes

Os quadris
Quase são largos demais

A cintura
quase chega a destoar
De tão esguia

E os dentes
Quase artificiais
De tão direitos

Mas tudo, tudo nela,
acaba sempre um pouco antes
está só um pouco aquém
De incontáveis limiares

Inverdade vos digo

"Inverdade vos digo"

A força é sempre bruta
Os pecados são sempre capitais
Toda mudança é brusca
O inconsciente é sempre coletivo

Inverdade em verdade, eu vos digo:
Uns chamam de certo
outros chamam de errado
uns chamam de verdade
outros chamam de mentira
mas só compreendem direito
os que não chamam de nome nenhum
Quem pensa por si próprio duvida.
Mas hesita antes de duvidar,
porque ser cético já é seguir
um raciocínio pronto

inverdade, inverdade vos digo:
Dinheiro perdido pra amigo
Não é dinheiro perdido
Comida perdida pra amigo
Não é dinheiro perdido
Talento não é só o que existe
Experiência não conta nada
O que conta é ingenuidade e perversão
Ou melhor: se é que a ingenuidade existe mesmo
que me pegue ela de calças na mão!

Jamais polímeros
Jamais cerâmicas
Jamais metais o bedelho em credo alheio

Recado pra quem fica

“Recado pra quem fica”

Agradeço ao meu dentista
pelo meu lindo sorriso
e aa minha terapeuta por tentar

Agradeço aos coetâneos
por me ensinar da vida
e aas idas gerações por me pouparem

A quem me serviu de exemplo
devo todos meus defeitos
qualidades devo aa quem eu não respeito
Já que nada existe fora
de que tire algum proveito
um alguém que vai-se autossatisfeito

Aa quem gosta de prazer
devo minha auto-estima
e a quem não gosta, que será que devo?
Nestas páginas escrevo,
meu recado pra quem fica
se é que alguém vai ficar mesmo
nessa bosta de lugar

"São José"

"São José"

No escritório tinha dois Josés da Silva
a gente discernia eles pelo apelido:
um era o São José
outro era o Louco José.
O São José era São José porque era são;
O Louco José era Louco José porque era locão.
O São José colava em tudas roda de droga,
mas ficava são;
O Loco José colava mais nas roda de mato,
e ficava bem passado.
O Loco José apresentava o fumo às vezes;
O São José sempre acabava tendo que enrolar
quando a roda ja tava moribunda,
e sempre só ele tinha saliva
pra goma dos jacaré;
O Loco José descobria canal até ne época moiada;
O São José decorava os telefones dos corres,
e emprestava a bicicleta de boa.

Metade

"Metade"

Eu sou uma laranja verde

Eu sou mais do que metade
de uma laranja verde
Mas me ainda faltam bagos
para ser laranja inteira

Eu sou uma laranja verde

Eu sou menos que metade
de uma laranja verde
já que outra metade ou menos
não me faz laranja inteira

Eu sou uma laranja verde

Talvez falte primaveras
e eu não deixe de ser verde
mas procuro não deixar de ser laranja

Talvez sobrem primaveras
e eu resolva ser metade
e desista então de ser pra sempre verde

por medo de ser fração quebrada?
por medo de ser da cor errada?
ou por medo de altura?

Eu sou uma laranja verde
Eu sou uma laranja
côr-de-laranja:
verde mesmo.

Cocô Puro

"Cocô Puro"

Eu sou um cocô puro.
Mas o que é um cocô puro?
O que é que um cocô puro tem
que não tenha o que não seja um cocô puro?

O que caracteríza um cocô puro?
O que impede um cocô puro
de não ser um cocô puro?

O que torna um cocô puro um cocô puro?
O que faz de um cocô puro um cocô puro?
Como surge um cocô puro?
ou será que o cocô puro sempre houve?

O que resta a um cocô puro?

O que falta a um cocô puro?

Vou dialogar sozinho
e tretar com todomundo
pra voltar devagarzinho
a ir sendo um cocô puro
após

"Eumicetos com nome de mulher"

"Eumicetos com nome de mulher"

A Carmen brota da terra,
Cristina cresce do mato
Marcela brota em seixos
e aflora em moitas

Aline é encontrada ao acaso,
nos dias em que chove no pasto,
Rebeca tá perto da poça,
Lívia perto da passagem

Debaixo da sombra do tronco,
do lado da cova do toco,
na parte molhada da pedra,
na parte já seca da planta
À Amanda um besouro levanta
a formiga picota Elza inteira
O rato acha Elis em bueiro
O pardal usa Helena no ninho
Suelen cresce na mata, cresce na floresta
cresce no bosque, lá encima, no alto da colina

O vento leva Ana embora,
Silvia cresce onde o homem não acha
Gabi cresce, esporula, seca, e morre,
e a brisa leva lasquinhas da Célia pro mar
A Jéssica afunda, ela boia na água,
pexe come, otro pexe come e caga,
e otro pedaço chega pro otro lado...
Até...

até que a Ingrid cresce na praia, cresce na areia,
na areia salgada,
cresce na palha,
e na grama, e na laje
a Celina embolora parede,
a Taís enobrece qualhada
Ivete encharca rolha, ela cresce na cortiça,
Fernanda cresce na terra,
cresce nos grãos de barro
Inês cresce nos farelos
e
não
faz
mal
nenhum

“Pelo conflito de Silas”

“Pelo conflito de Silas”
(para Silas)

Por favor, meus bons amigos
com amor, lembrem-se sempre
Que aos amigos mais bem-quistos
Meus mais justos laços prendem

Justos e tão bem atados
Que por nada são rompidos
Nem há tempo nem espaço
Que de vós me aparte, amigos

Ah, pudera eu impedî-lhos
de que a vida os leve embora
Ah, pudera eu, meus queridos,

Dividir-me pra segui-los
Ou juntá-los em um só
Pra levar sempre comigo

Eu nasci para dormir de calça jeans

“Eu nasci para dormir de calça jeans”

Eu nasci para dormir de calça jeans
Dormir na grama, ou debaixo de uma sombra
Eu nasci para dormir no chão do asfalto

Eu nasci para dormir torto
Deitado em cima da mochila
Deitar no sol, dormir no meio das formigas
Eu nasci para dormir no chão molhado

Eu nasci para comer coisas do mato
Eu nasci para comer protozoários
Eu nasci para comer folhas de galhos
E galhos finos, e pequenos besourinhos

Eu nasci para dormir no chão da sala
Ou no banheiro, com um papelão na cara

Eu nasci para dormir de caça jeans
Nasci molhado, pra dormir sem tomar banho
No chão dos outros
No chão das outras
Em dia quente
Em dia frio

Não nasci para não ir porque eu não quero
Eu nasci para não ir porque eu não posso

Eu nasci para dormir atrás de porta
No chão gelado
Dos azulejos
Eu nasci para dormir em degrauzinhos
Chão sem varrer
Faltando taco

Eu nasci para dormir de calça jeans
Eu nasci para dormir alí mesmo.

Eu deito trancando a passagem
E quem quiser que passe em cima
Ou que pule por cima de mim
Ou que pise ne mim que eu nem ligo

sábado, 4 de abril de 2009

“Mil papéis de bala”

“Mil papéis de bala”

-Dá-me uma mordida?

-Depende.
Seria em nome do prazer
,ou em nome da nutrição?

-Em nome do prazer.

-Então não.
Esta comida veio em boa ocasião de fome minha.
Calha de ser de um gosto bom,
de que decorre seu potencial para gerar prazer.
Um prazer de qualidade,
o nobre prazer alimentício.
Mas o seu prazer parece ridículo e indigno
em face aas minhas necessidades primárias.

-Mas só uma mordidinha.
E eu também estou com um pouco de fome.
Uma mordidinha em nome da nutrição, então.

-Pois bem.
Uma simples mordidinha
nada pode fazer
em favor da elevada causa de que se trata a nutrição.
Com efeito,
uma simples mordidinha
muito mais pode enviar-lhe
um falso sinal ao organismo,
e confundi-lo
em termos de causar
uma perturbação
no bem-administrar das reservas que já possui.
Uma simples mordidinha
é que nem o beber de água salobra daquele que tem sede.

-Ah, diow.
Então me dá metade.

-Não. e vai tomar no cu.

**

“Jesus de pé (Antiantropomorfismo)”

“Jesus de pé (Antiantropomorfismo)”

O meu Deus não tem direita
Pra Jesus sentar-se à ela
Há de vir a julgar-me
De pé.

"Crueldade"

“Crueldade”

dor
agressão
carnificina de golfinhos
carnificina de ursinhos
polares
branquinhos
carnificina de algum bicho bonitinho
dor
insônia
agressão
Ela se foi
se foi
para as colinas e morreu
estrangulada
Com marcas de dedos no pescoço
e vestígios de dedadas

Tudo se não fosse
pela minha brisa errada
**

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Arroz, feijão e isso (fetriche fanopéia)

“Arroz , feijão e isso (fetiche fanopéia)”


Meu amor sabe fingir

Que me mataram e eu morri

E aí, e aí

E aí ele me beija morta

E me fornica morta

E copula comigo morta


E ele me morde morta ainda morna

E ele me fornicarniça

E copula comigo morta


Ele monta no meu corpo morto

Monta vivo no meu corpo morto


Ele me morde morta

E me lambe morta

E copula comigo morta


E então ele veste o calção

E me larga cadáver no chão

E vou me recompondo estática,

Enquanto me decomponho.

segunda-feira, 30 de março de 2009

“No meio do caminho”

No meio do inferno,
eu constato onde estou.

No meio do mundo,
eu constato onde estou.

No meio do nada,
eu constato onde estou...


Tomo notas,
e não acho graça nenhuma.

“En briserrateur”

“En briserrateur”

Aquela voz falando na minha cabeça
sem controle.

Aquela voz repetindo o que eu leio
sem permissão.

Aquela voz reapreciando o que escuto
até estragar.


Aquela voz que procura às cegas
sem comedimento.

Aquela voz enunciando meu fluxo
depensamento
,em tempo real:
aquela voz desanimada,
do começo ao fim.

domingo, 15 de março de 2009

Pular de paraquedas pelado

Eu quero poder pular de um avião pelado
pra poder defecar e urinar de prazer
Eu quero pular de um prédio
vestido num saco
de plástico preto
pra tentar não encardir o pavimento

“Animal que faz furos”

“Animal que faz furos”

Um punho que faz silêncio.
Uma boca que faz força.
Um estômago que faz a obrigação.
Uma pele que faz o melhor possível.
Um ator que faz sorrisos.
Uma princesa que faz sala.

Uma chama minguada e pesarosa
que se consome obrigada e amarga
que se arrasta violada
criando sulcos pesados
deixando vestígios levianos
e, enfim,
indiferentemente indiferentes
mas indiferentemente indiciais
indiferentemente lá

O aliado

Nos vales verdejantes
Dos rios intermitentes
Em terras afastadas
Cresce um negócio

Os que vivem lá perto
A muitas gerações
Que nunca escrevem nada
Colhem aquilo

Colocam em um jarro
Enterram num buraco
E dançam por cima

Depois botam no sol
Durante vários dias
E rezam em volta

Transformam em farelos
e juntam cogumelos
e gotas de sangue
de cada um deles

Depois da cerimônia,
que fazem em jejum,
a moça mais linda
que ainda for virgem
coloca a mistura
num grande cachimbo

E todos eles sentam
em volta da fogueira
Pelados
E ficam conversando
chapados por dois dias
Sem sono

Demora um ano inteiro
pra repetir a fita
e fazem sem remorso
Pois nunca houve choro
E nem ranger de dentes

Preces de si para si

Existem tantos Andrés
que eu não queria ser André;
Existem tantos Rodrigos
que eu não queria ser Rodrigo;
Existem tantos Marcelos
que eu não queria ser Marcelo;
Existem tantos Gustavos
que eu não queria ser Gustavo.
O conflito de Adônis
que é como uma raposa
que não quer as uvas verdes
porque não queria mesmo

“Crente do rabo quente”

Tem um quê de crente que me atrai
Os cabelos bem compridos
densamente cacheados
Os quadris de saia
e por vezes largos
As canelas sempre aa mostra
E os ombros quase nunca
Muitas vezes peitos
em camisas justas
Elas tocam instrumentos
Elas cantam afinado
E não deixam escapar palavras duras
Elas riem confiantes
Dão os braços uma aas outras
E é claro que elas
são felizes mesmo

sexta-feira, 6 de março de 2009

"Carta aberta aa criança morta"/ "O missivista" / "Wet Handkerchief"

"Carta aberta aa criança morta"

Querida criança morta,

Venho, por meio desta,
escrever uma cara aa você.

Atensiosamente,
(fui eu que fiz o furo
pelo qual sua vida saiu)

**

"O missivista"

Eu sou o missivista.
Eu sou aquele um
que fornica sua integridade
Que fornica sua moral
e seu amor.

Eu sou o missivista
eu sou aquele um
que fornica suas crenças
as envenena e as enche de doenças
Eu sou o desequilibrista

Eu sou o inimigo
Aquele que opta por si
Que opta por te preterir
Eu sou aquele que te relega a um segundo plano
e reserva para ti
um tratamento deshumano.

Eu sou o missivista.
Eu sou aquele um
que lida com suas fraquezas sem um pingo de respeito
Aquele que torna o ruim pior
Que transforma o desamparo em desespero

**

"Wet Handkerchief"

Eu ainda detenho minha faca
Eu ainda detenho meus cadarços
Fui eu que fiz o furo
pelo qual sua vida saiu

Eu detenho meus motivos
Eu detenho meus escrúpulos
Fui eu quem fez o furo
pelo qual sua vida saiu

Eu não tenho medo do frio
Tenho planos pro futuro
Fui eu que furei o buraco
pelo qual sua vida escapou.

quinta-feira, 5 de março de 2009

"Aplausos mais nem tanto para as pessoas mais malquistas do mundo"

Você quer comer meu cu?
Você quer quebrar meu crânio?
Quer rasgar os meus papéis?
Pôr os pés nos meus lençóis?
Ô, motoqueiro, tens orgulho?...
...de fazer tanto barulho?
Ô, menina, tá por cima?...
...da minha auto-estima?
Inimigo dos meus chapas,
por favor, senta comigo;
Namorada do meu filho,
onde quer chegar com isso?
Motoqueiro se eu te pego,
dou um chute na tua cara:
porque é que eu não evito
estar sempre por aqui?
Amanhã eu trago um livro,
e uma folha de jornal:
Quem quiser falar comigo,
vai sentar no meu chão sujo,
dar o relógio do pulso
pra marcar o meu capítulo;
Tem que olhar na minha cara
sem subir o tom de voz
e não vai ter sol no lombo
e nem frio,
nem fome,
nem vergonha.

“Guilherminho Glória à Deus e o seu verde violão”/"Satã vive"

“Guilherminho Glória à Deus e o seu verde violão” (música cristã)

Guilherminho Glória à Deus
tocava flauta e bongô
Ia na missa de domingo
com seu verde violão
Não fazia malvadezas
já que era bom cristão
Ia na missa de domingo
com seu verde violão

Guilherminho acreditava
no poder da oração
e cantava coisas lindas
com seu verde violão

Guilherminho Glória à Deus
tinha uma letra redondinha
e dava graças ao senhor
com o seu verde violão
E não desejava mal
à nenhum de seus irmãos
Ia na missa de domingo
com seu verde violão

Guilherminho afastava
a tristeza com as mãos
que geravam alegria
á partir do violão

Guilherminho Glória à Deus
Escrevia com a esquerda
e tocava superbem
com o seu verde violão
E sentia-se feliz
a cada nova boa ação
Ia na missa de domingo
com seu verde violão

E pra completar a felicidade
era querido na comunidade

**

“Satã vive”(música anticristã)

Satã vive jubiloso
E jubiloso corre e brinca
E jubiloso corre e pula
E jubiloso regozija

Satã vive, Satã reina
Salta quica, e outra vez
E jubiloso vive e reina
entre os homens outra vez

Satã tem filhos na terra
tem amigos no fundo do mar
Na procela brilha e corre
Satã tropeça e morre
e ressuscita em dois dias
só pra fazer fanfarrão

Satã passa frio ao sol
E à noite dorme ao léu
Bebe o néctar das flores
Das abelhas sorve o mel

Satã come de domingo
o pão que ele mesmo amassa
Bebe vinho feito em casa
e vomita na garrafa

Satã vive e é senhor
de cada coração
que o fogo do inferno consome
para a glória de seu nome

Satã vive e causa males
pra que todo bem exista
Traz pro fundo os patamares
pro normal virar conquista

Refórma ortográfica

Tôdasas palávras dévem sêr acentüádas

quarta-feira, 4 de março de 2009

"Que o petróleo acabará, tanto alarde já se fez, que a questão já nem assusta"

Certa vez
tinha um
es-cor-
pi-ão
no meu
cache-col
e ele
me picou,
e eu morri:
Uma história com começo meio e fim :)

“O filho do cantineiro”

Estou apaixonado
pelo filho do cantineiro
Mas o pai dele, o cantineiro
Vende bebidas alcoólicas
Vende cigarros fedorentos
Vende comidas gordurosas

“Quando eu olho (Overdosedenicotinemorre)”

Quando eu me olho
Com este cigarro
No meio dos dedos
Virando fumaça
E eu assoprando
Cigarro queimado
E vendo o cigarro
Se dissipando
Subindo e virando
Ar puro

segunda-feira, 2 de março de 2009

"Parvs Americanvs"

Eu não gosto
do meu povo
vendo sua TV.

Eu não gosto
do meu povo,
vendo sua TV.

Eu não gosto
do meu povo.
Vendo sua TV.

"Boas cópulas"

"Boas Cópulas"

Boas cópulas
era uma saudação arcaica
que já caiu de moda há tempos.
Tinha o peso de um "bom dia"
tinha o peso de um "boa sorte"
tinha o peso de um "boa viagem"

Não se surpreenda
se um velho muito velho
desses velhos que mal saem da cadeira
ainda te cumprimentar dessa maneira

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

“Marcelinho Substância” (texto antidrogas)

Marcelinho Substância
usava substâncias
E usando substâncias
tinha muito mais amigos
do que quando entrou
pras aulas de judô
E usando substâncias
tinha muitos mais amigos
do que usando
blusa nova de tricô
E usando substâncias
tinha muito mais amigos
mas um dia resolveu comer cocô
Ia,ia,ia,
cá, cá, qui, qui!!
Pipi-bumbum,
Bumbum-pipi!
Cocô-bumbum,
Bumbum-pipi,
Cocô-pipi!!
Cocô-pipi!!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

“Chá de fita”


Eu, quando fizer sessenta anos,
Vou tomar um chá de fita
Vou pro meio da floresta
Pra morar com os gnomos.

Dizem que é mor sujo
E que não volta nunca mais
Mas é disso que eu preciso
Se eu fizer sessenta anos
Que não voltam, que não voltam,
Que não voltam nunca mais.

sábado, 31 de janeiro de 2009

"Amor pra sempre"

Ele ia ir pro céu quando morresse
Ela ia apagar e virar lixo
Eles conversavam muito
e nunca era sobre isso
Essa história
é de um amor pra sempre.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

“Contra o celibato dos padres e contra a profissionalização dos advogados”

Um palanque em praça a obstar apenas
dos que passam, a parcela mais pequena
pra deter não mais que os poucos que se atenham
por sincera simpatia aaquele tema

“Aos que buscam...”, ia ser dito lá de cima
“...para si a desmistificação plena
venho abrir em inventário as poucas rendas
da jornada já por mim empreendida

Com efeito, eu já estive tão distante
que não foi difícil constatar, surpreso
que a trilha que me trouxe assim adiante
tem seu fim um ponto antes do começo

Quem quiser se imunizar do que é humano
se transforma em cada vez mais leviano
pois a cada convenção que cai por terra
um universo sem sentido se revela

E é por isso que eu insisto a tal maneira
não percais o tempo em planejar asneiras
e quem busca a Idiossincrasia Isenta
volte reto pra leviandade plena!”

POEMAS APÓCRIFOS[BANIDOS POR TRANSGRESSÕES HUMANITARIAS]*publicar em separado e com ressalvas


 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR ]
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***
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR SUPOSTA PRESUMÍVEL VOZ MISÓGINA]
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"Os hétero e a Bíblia"

Assim falou Aarão:
-Coloquem aqui suas jóias
para que com elas eu forje
para nosso povo um bezerro de ouro!

-Amigo hétero, você
não vai colaborar
com suas jóias?

-Não, pois bem já sei que
antes mesmo do entardecer
as mulheres vão estar
querendo dar somente para os cavalheiros
que ainda estão lindos com seus
adereços de ouro, enquanto
acharão repugnante a mim
que sacrifiquei os meus
para o bem comum


***
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR VOZ-ILEGÍTIMA]
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"Sou bela e ando nua"

Eu não corto os pêlos do nariz porque sou belo.
Se eu, já belo, até cortasse os pêlos do nariz,
então pobre do feio
que ainda por cima tiver pêlos no nariz.

Sou bela, radiante, e ando nua.
Se mesmo com minhas celulitinhas expostas
já ouço mais galanteios do que gostaria
Se mesmo com minhas estrias aa mostra
já sou mais coortejada do que preciso... então
Então imagine se eu
até maquiasse fora minhas olheiras e rugas
se eu ainda apertasse minhas flacidezas
em jeans e enchimentos...
e tudo isso sendo já tão bela e radiante:
aí não teria pra ninguém.

Mas eu não quero que não tenha pra ninguém:
quero que tenha pra todas
e pra todos.

As pessoas belas bem que podiam assumir o compromisso social
de ostentar suas eventuais imperfeições físicas
em nome da descriminalização da não-beleza



***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR MACHISMO2015]
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"A Jessiquinha vou te falar"

A Jessiquinha tem um negócil ingrassado
deve ser umas das poca
o das única pessoa no mundo
que sorrindo fica mais feia que neutra
e mais feia sorrindo que brava.
É gozado isso.
Igual, é uma graça dos 3 jeito
por causa do rabinho,
mas engraçado isso,
vou te falar.

***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR ENDOSSAMENTO DE ESTEREÓTIPOS]
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***

"Um terno de linho foi vendido ao coronel pelo mascate"

Sangram-me as narinas
doem-me as entranhas
por que é que eu fui pulando sem pensar?
Eu quase nunca faço aniversário
só uma vez por ano e olha lá...

Bebiam água turva
plantavam grãos de trigo
queimavam folhas secas para espantar mosquitos
A mãe era flautista
o pai, algum dos operários
eu quase nunca faço aniversário

Xingava homens de gay
e as mulheres de viado
Será q ela chamava Bruma mesmo?
Ou será q ela me deu o nome errado?

Ela ainda não conversa
ia a noite na floresta
pois queria se perder
O meu cu se chama ânus pra você

Ela ainda não conversa
tá melhor, mas fraca ainda
Azul é de menino
cor-de-rosa é de menina

Pesam-me as pernas
doem-me os olhos
como é q eu vim parar neste lugar?
Eu quase nunca faço aniversário
só uma vez por ano e olha lá

Ela cheira peixe frito
mas recende a flor silvestre
ela é linda mas não tem nome de gente
tem a pele mais branquinha que os dentes
e os dentes mais escuros que o resto

Faltam-me as palavras
falha-me o verbo
valha-me a lei do canto interno
eu quase sempre erro a hora certa
como é que eu vim parar neste lugar?
***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR PRESTAR-SE A HETERU]
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***

"Peito maiorzão"

Cresciam os pés da silvinha
e a voz ficava muito ruim
deu problema na coluna,
mas os menino curtia porque os peito iam ficano muito loco

**
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR NÃO-LEGITIMIDADE TRANS]
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"Psicanalhice"

Meus amigos caçoam de mim porque eu não tenho pipi.
Meu professor deixou a cabeça do pipi de fora durante a aula de propósito só pra fazer troça.
Meu papai não conversa muito comigo, porque eu não tenho pipi.
A coleguinha de quem eu gosto,
não quer me namorar,
e eu sei que é porque ela sabe que eu não tenho pipi.
A figura do falo não me reconforta,
e o medo da castração não me atormenta:
a figura feminina não me representa uma ameaça...
enfim: eu precisava ter nascido homem.
Plóc[bolha de chiclete].
minininha com o skate na mão

***
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR NAO-LEGITIMIDADE OPRESSIVA DE GÊNERO]
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"Terás-me"

Eu sou uma mulher
Eu gosto de tocar
algumas partes do meu corpo nu

Sou feliz pois são compridos meus cabelos
posso enrolá-los nas pontas dos dedos:
terás-me

Se mil lágrimas que choro é porque amo
Se em prantos me afogo é poque amo:
terás-me

Terás-me flor
Terás-me inimiga
Terás-me com o meu consentimento




***
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR SUPOSTA SUGESTIVIDADE HOMOFOBICA, APESAR DE DUBIA]
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“Nunca mais”

Tem um homem dormindo
pra sempre, pra sempre
nunca mais, nunca mais

Dormindo pelado de bruços
No meu colchão sem lençol
Nunca mais, nunca mais

****

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR PERTINÊNCIA DO COORTE]
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"Libirinto"

Ela ficava com os rapazes aas vezes.
E foi um deles que descobriu,
bem por acaso,
que ela tinha um tesão loco
nos buraco dos ouvido

Un foi contano po oto
Un foi contano po oto
"Posso te contar um segredo?"
"Que segredo?"
...
e ela começou a cair sempre na mesma armadilha.

***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR NÃO LEGITIMIDADE TRANSFÓBICA]
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“Aquele que deve morrer (I-juca pirama)”

Quem é esse, quem é esse
que faz cocô pelado?
Deve morrer, deve morrer!
Aquele que usa a cueca dos dois lados
Deve morrer, deve morrer!
Quem é esse quem é esse
que usa quatro prendedores
pra estender uma simples bremudinha?

Ao nascer, nasceu com nome de menina
Na cueca ele ajeitava o pal pra cima
Atirava nos pardal ca carabina
Ele merece morrer, ele merece morrer;

Ele derrubava hímens prasenteiro
Ele despejava sêmen no banheiro
Ele desejava homens putanheiros,
só pra ele,
Ele só cospe se for catarro
Ele merece morrer, ele merece morrer!

***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO em 2015 POR EU LIRICO HOMI HETERU]
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"Monstrinha"

Teu corpo é aberrante, monstrinha.
Tamanha sua formosura
destoas do que reconheço como humano.

Teu sorriso é um pesadelo, monstrinha
traumatizou minhas retinas
assombra minhas palpebras
aa luz do dia

Persegues-me, ameaças-me
adrenalinas-me, asmas-me
fadigas-me, desfaleces-me: porque
você visualiza
se não vai responder? #chatiadu

***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR FRIENDZONE-NAO-EXISTE, CUTURA-DO-ESTUPRO2015]
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"Cobertor de puta"

Um homem e uma mulher
interrompem o sipegamento heterossexual

"E você acha que eu tenho cara de puta,
para dar num cobertor deste?"
uma bronca inesperada
pega a bolsa e vai embora
-...(?!)
(nem tinha tirado as sandálias)
-...[interjeição chula]!
(depois de tanto tempo de privação
mais um longo e indeterminado tempo de privação: [interjeição chulíssima]....)
até deu prum mendigo o tal do cobertor
e começou a escolher
com cuidado até as cuecas,
e não só os cobertores e fronhas
****

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR SUPOSTA COXINHA-FEELINGS]
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"Estrada de ressaca"


Eu estava esfregando
longamente as narinas
nas choronhas dos dedos da mão
foi quando senti cheiro
de repente de vagina
(que que a droga me esqueceu do alco de ontem?).
A mocinha de brinco na barrigona de fora
dando cada mão a uma criançinha de brinco na barrigona de fora
desceu do atobûs.

Eu estava sentado na frente
e o cheiro, de repente, passou também.
Não estava nos meus dedos, afinal.

***
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR CULPABILIZAÇÃO DA VÍTIMA]
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"Pelo topless e pelo moleton sem cueca"

Fechando o musculinho da vagina
as mulheres bem treinadas conseguem até bloquear um estupro
só que isso é imoral demais para ser ensinado nas escolinhas do nosso país
então nossas mulheres machistas enfiam a viola no saco
com medo de serem violadas

***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR ROUBO DE PROTAGONISMO]
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“Biu do olho verde tinha um pai eletricista”

Em torno da língua branca
ela continua linda;
Na frente dos dentes sujos
ela continua, ainda;

Apesar dos novos pêlos
apesar das brotoejas
ela é
ainda linda

Apesar dos novos quilos
do relaxo no cabelo
visual abandonado, é linda ainda

Obs: este poema tinha um ultimo verso 
que figurativamente questionava 
a fita de nascer em berço de ouro, 
ou de que a mina em questao na vdd e o jorge benjor, 
que fica so na banguela dos sons q compos ha 30 anos
msm assim acabei banindo este verso final pois era 
ritmicamente mais pobre do que estes
***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR SUPOSTA COXINHA-FEELINGS ]
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"Crediário"

Ontem teve picanha
agora é uma semana de língua e rim

***

 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR EU-LÍRICO HETERU]
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"Viúva negra"

Era linda de assinar o pinto em troca.
E regulona.


***
 POEMAS APÓCRIFOS
[BANIDO POR ]
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"Auto-referênteron"

Eu quero copular com o meu próprio cu

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Uma gota azedinha

Uma gota azedinha
subiu junto com vapor,
Então vários musculinhos
contraíram no entorno:
Poderia estar com ânsia
Ou bem tendo um desarranjo;
Mas estava tão confuso
que só me senti apenas
não mais que azedinho.

Mor Angen´t

Os cabelos pelo ombro
Tinha eles cacheados
Quase azuis de tanto negros
Não tirava a camisola o dia inteiro
Tinha os olhos meio sonsos
E a mesa sempre suja
Mas lençóis passava sempre com cuidado

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Três quartas partes do país" / "Relíquias em putrefato estado de conservação (sujorge)"

"Três quartas partes do país"

-Diga, Tião...
-Oi?
-...foste?
-Fui!
-Compraste?
-comprei!
-(sorriso maroto)...seu traste!
-(sorriso de cumplicidade)...eu sei...!
(risos e risos)


**
"Relíquias em putrefato estado de conservação (sujorge)"

Eu estou vestido com as roupas
e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham dó
do meu cheirão de mendigo e não me batam

Na boca do lixo

Na boca do lixo
encontrei um alho
que tinha nutrientes
mas que tinha gosto ruim;
Serviria de alimento
após dias de jejum?

Caiu agressivo na goela
o primeiro dente ardido
do alho já chocho:
o resto devorei com pressa
pra dar de desentendido...
(...Na metade da cabeça
descobri a enchaqueca
que diria já respeito
ao segundo dente ido...)

E depois de comer tudo
eu já cego, surdo e mudo
voltei pra boca do lixo
Cego, surdo e mudado
maldito e envenenado
cascas de banana e ratos,
e coisas de lixo em geral:
Antídoto bendito.
Acordei dentro da lata
Farto de porcaria,
mas desinfetado de antemão.

**

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Menininho com edredom na floresta

Menininho
Com o edredom
Na floresta.
Enroladinho no edredom,
quase nenhum bixo morde ou pica

Menininho
Com o edredom
Na floresta.
Enroladinho no edredom,
é só caminhar o dia inteiro
e aa noite é só cair em qualquer canto

Menininho
Com o edredom
Na floresta
Enroladinho no edredom,
achar frutas dá pra armazenar nas dobras do edredom

Menininho
com o edredom
na floresta,
enroladinho no edredom.
Quando molha é foda
Quando chove é foda
Quando cai no rio é foda pra cacete

Mamãe fez-me vir de casaquinho

"Mamãe fez-me vir de casaquinho"

Mamãe fez eu colocar meu casaquinho
pra que eu não tomasse vento frio nas costas
fez com que eu secasse bem os meus cabelos
também disse pra eu não tomar sereno

Mamãe disse pr'eu não aceitar balinha
e não dar conversa alguma com estranhos
pr'eu olhar antes de atravessar a rua
não deixar ninguém passar a mão em mim

E depois de já crescido
eu vi que muito vale a pena
pois mamãe até hoje faz ótimas
recomendações da minha pessoa
para todo mundo a quem conhece

"Eu sei usar o mo (mas eu não sei usar o 'se')"

Fora de meu corpo
um meu pedaço foi gerado
E é como se houvessem mo tirado
E é como se mo
houvessem mutilado

"Eu sei usar o mo (mas sem usar o mo)"

Fora do meu corpo
Um meu pedaço foi gerado
E é como se me houvessem mutilado

Fora do contexto
Meu pedaço foi pretexto
E é como se me houvessem extirpado

“A vida promíscua e vazia de sentido que levam as filhas da sorveteira (Otro Pipi)”

Ei, menino,
você queria ter outro pipi?
Você acha isso certo,
ter outro pipi?

Ei, menina,
Você queria ter outro pipi?
Você não acha errado,
Ter outro pipi?

Pedro almoxarife

Pedrinho trabalhava
no almoxarifado
e arranjava coisas
para seus amigos

Pedro encarregado
de cuidar do mimiógrafo
e copiava coisas mil
para seus amigos

Pedro tinha acesso
à folhas de papel branquinhas
clips e elásticos
e lápis apontadinhos

Mike Leitão

(para Camilo Furlanetti)

Mike Leitão
tomava um copo de vinagre em jejum
todas as manhãs
E se justificava a todos
dizendo que
seu sangue se
purifi
ca
ria

se purificaria

Mas não pelo amargo
do sacrifício
Mas não por recompensa
da penitência
E sim pelas ditas propriedades benéficas do ácido acético,
das quais era inveterado entusiasta.

Ovelha Milton

Ovelha Milton
Se furtou aa obrigação
Pra ir contar
Carneirinhos

tchururu
tchuru
tchuru



E se considerava justa

O mundo é um gerúndio da 5ª conjugação

Abstêmio
Celibatério
Vegetariano
e glabro...

Abstêmio
Celibatário
Vegetariano e glabro,
e minha vida é uma merda

Esses bizorrozinhos

Esses besourozinhos
que aparecem no verão
e depois morrem sozinhos
E caem pelos cantos

Estes besourozinhos
e suas carcaçazinhas
Que ficam por aí;
Ninguém tem medo deles,
//Ninguém tem medo detes,
as meninas os pegam na mão;
//medrosinhos tes pegam na mão;
Ninguém tem nojo deles,
então se acumulam no chão
Mortos e vivos nos cantos

De barriga para cima,
eles nascem no verão
e não sabem se virar

De barriga para cima, eles nascem no verão e não sabem se virar;
Em decúbito dorsal
eles chegam no estival
e não fazem bem nem mal

Eles morrem comparáveis aos farelos
São tomados por poeira e são varridos
Feitos monte, recolhidos,
e pronto.

As filhas da Valéria comem até tijolo cru

Criadas peladas na rua
Crescidas sentadas na terra
Defecando no hortelã
que tinha no quintal

Correr para o vento soprar
Descalças pro pé engrossar
Comer, comer
com a mão de brincar

_____
Eingebildet, naß am Straß
am Erde gesesende Ausgebildet
aim Minze gekottet
die am Hinterhot ___lag

Lauf!
Wird damit der Wind geblasen
Entschuht,
so wird die Füßehaut Dickere,

Flat Character

Ei, você!
você tem alguma coisa por dentro?
então mostre essa coisa pra nós
em nome do entretenimento!
Venha e sente no meio da roda,
e mostre essa coisa para nós.
Nós queremos ver suas maneiras
Sentado no meio da roda

Pipi Salientinho

- Rapaz, dá pra perceber
o seu pipi salientinho!

- O importante é que a pessôa ache legal,
e eu acho legal,
então é importante!

- Todo mundo aqui se vê em você,
Se vê em seu pipi salientinho.
Todo mundo aqui é idêntico a você,
Por isso aqui você não é benvindo.