quarta-feira, 10 de agosto de 2022

"O estudante de medicina" / o egenheiro

"O estudante de medicina"

O estudante de medicina
tem-lhe imposta uma rotina
em que vai desenvolver gastrite
em que vai desenvolver insônia
em que vai desenvolver enxaqueca
Garante-se assim, se já não havia antes
imperativa simpatia pelos comprimidos.
E a máquina gira.

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"O engenheiro"

Será que é o salário do engenheiro
que faz ele se sentir fora da casta?
ou será que o mistér massacra tanto
dele se desobrigar a esse ponto?

O engenheiro passa das 8 as 18
remendando vazamentos energéticos:
cortando gorduras, aqui vê um gargalo,
ali um estoque caro
aqui nao está fordista o bastante,
ali pouco toyotista, e distante
esse método não está ágil, sangria,
atrito, vazamento, tela quente
Mas no fim do expediente,
ele pisa na calçada, e não vê, não vê porque?
que o comércio é fundamento
e intermediário obsoleto ao mesmo tempo.

Não vê que o banco e o fundo,
é um restaurante de almoço gratis
que mais paga pra quem mais come,
e mais derruba comida no chão.

Seria miragem da mera porcentagem?
 

E não vê que o investimento circula
por um aberrante atrito negativo,
e volta maior em vez de puído?
Um motor às avessas, contra toda natureza
não existe som no espaço, mas agente bota nos filmes
não existe gravitação na fortuna nem na pobreza,
mas a gente bota na economia
naturaliza e aceita porque convém a quem?

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