No espaço não tem som. Mas nos filmes, o humano vai lá e bota som nas naves.

Analogamente, a economia não tem nenhuma uma "força gravitacional". Mas o humano foi lá e criou essa lógica *inquestionável* de que o dinheiro tem uma força gravitacional:

o "pouco dinheiro" sai voando pela janela, e o "muito dinheiro" tem sempre uma chuvinha de juros caindo em cima, renda passiva.....

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Todo mundo entendeu essa "lógica". Claro: sobrou dinheiro>> vc investe>>deu certo>> e vc lucrou. O raciocínio é simples, bonito, todo mundo entendeu.

A fita é que isso não convém, isso não nos interessa.

A fita é que essa modelagem, justamente por ser simples enxuta poética bonita, não dá conta de representar tudo o que está acontecendo no mundo real... é tão perfeito no papel, que é aberração imperfeita aqui no carne e osso - E por isso a conta não fecha!

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Por exemplo: todo milionário faz um remix de patrimônios da humanidade. Não existe mérito dele em 99% da estrutura que ele usou pra se colocar no topo de uma pirâmide. Ele não dividiu lucros com a humanidade desde a caneta bic, até a estrutura contábil que ele usou; desde o whisky, até o avião ou seus lazeres para relaxar e seguir em frente.... se ele pagou "devidamente" por estes serviços, note que é meramente uma aproximação imperfeita dos contratos. Arredondamento daonde estão vazando zeros e mais zeros, de sangue e ranger de dentes.

Os CONTRATOS não dão conta de todas as variáveis vivas: a economia não é uma máquina - é um organismo. Quando uma aberração de concentração de renda eclode, é um sinal, um sintoma, que não é visto como tal; é fetichizado, é encouraçado por formas de discurso. E os prejudicados, engravidados sem consentimento pela ideologia, tendem à reproduzir esse discurso.